Geraldão descobre talentos na periferia do Jardim Pery
Por Nelson Cilo
Geraldo da Silva, coordenador de uma escolinha de futebol da Prefeitura
O ex-centroavante Geraldão, um dos maiores artilheiros da história do Corinthians, não é apenas um técnico que ensina os segredos do futebol aos meninos carentes do Jardim Pery (Vila Dionísio, zona oeste de São Paulo). Há dois anos, o ex-craque se envolve no Projeto Sucupira, destinado a retirar crianças e jovens carentes (dos 7 aos 17 anos) das ruas da capital. “Aqui, procuramos prestar todo tipo de assistência social. Se o garoto precisa de atendimento médico, odontológico ou psicológico, a gente encaminha na hora”, diz Geraldão.
Um dos maiores problemas, reconhece, é a falta de nutrição. No entanto, os alunos que aparecem na escolinha da rua Santa Lucrécia de Aguiar recebem, segundo ele, alimentação adequada ao desenvolvimento físico e intelectual. Lá, estão pelo menos 400 inscritos.
Durante as palestras, o professor Geraldo da Silva não se liga apenas na habilidade dos futuros talentos. Entre outras coisas, tenta mostrar os riscos do cigarro, drogas e alcoolismo. Aponta o caminho correto para quem deve, antes de mais nada, assumir atitudes positivas na vida. Só assim, aconselha, todos um dia poderão — quem sabe — se transformar em vencedores também no futebol. “É uma atividade que agrada muito.”
Às segundas, quartas e sextas-feiras, Geraldão se dedica ao Projeto Sucupira. Nos finais de semana, coordena a escolinha do Macabi, no Horto Florestal, um clube da colônia israelita. Sobram dois dias para curtir a família — a mulher (Célia) e os três filhos (Fábio, Tiago e Thaís, respectivamente de 21, 19 e 15 anos de idade). “Levo uma rotina simples. É do trabalho para casa.” Geraldão jura que não ficou rico na carreira. “No meu tempo, seria impossível. Não existe mais amor à camisa. As maiores estrelas parecem mais preocupadas em trocar de clube para assinar contratos milionários.”
Um dos episódios marcantes em sua carreira ocorreu em maio de 1974. Ao lado de Sócrates, ele defendia o Botafogo-SP contra o Corinthians, no Parque São Jorge, no dia em que Rivelino agrediu o bandeirinha Mário Molina. Supostamente impedido, Geraldão arrancou desde a intermediária e marcou um dos gols dos 3 a 0 do Botafogo. A Fiel invadiu o campo. “Jogamos de manhã, mas pudemos sair de lá somente à tarde. Apedrejaram nosso vestiário. Estouraram as vidraças. Queriam quebrar tudo”, lembra Geraldão, que crê ter feito mais de 100 gols pelo Timão. Em 20 anos de futebol, admite que tenha se aproximado de 800.
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Nome: Geraldo da Silva Apelido: Geraldão Nascimento: 25-7-1949 Local: Álvares Machado (SP) Clubes que defendeu: Prudentina (amador, 67), Marília (68), Epitaciana (70), Botafogo de Ribeirão Preto (70), Corinthians (75 a 81), Juventus (78), Corinthians (79 a 81), Juventus (81), Grêmio-PA (81), Inter-PA (82), Colorado-PR (84), Mixto-MT (85), Francana (85), Corintians de Presidente Prudente (86-87), AA Itararé (87), União de Valinhos (88) e Garça (89) Títulos: Paulistinha-74 (Botafogo-RP), estadual-77 e 79 (Corinthians), gaúcho-82 e 83 (Inter-PA). Artilharia: Paulistinha-74 (Botafogo-RP, 15 gols), Paulistão-74 (Botafogo-RP, 24 gols) e Gaúchão-82 (Inter-PA, 20 gols) |